Crítica | Aqui
- Cinema ao Máximo
- 8 de jan.
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de abr.
Drama de fantasia do diretor Robert Zemeckis é um verdadeiro espetáculo visual, cheio de boas intenções, mas, no fundo, nunca consegue deixar a gente totalmente convencido com a sua história

O diretor Robert Zemeckis tem em sua filmografia 2 lindíssimas animações de fantasia que, pessoalmente, adoro e nunca me canso de assistir: "O Expresso Polar" e "Os Fantasmas de Scrooge". Quando o primeiro trailer de "Aqui" foi divulgado, fiquei fascinado com a proposta desse novo drama doméstico que conta com as estrelas Tom Hanks e Robin Wright, que já trabalharam juntos em "Forrest Gump: O Contador de Histórias". O enredo nos leva a acompanhar os acontecimentos de uma única sala de estar e seus moradores, desde o passado até o futuro.
Ao nos deparamos com essa proposta intrigante, na qual toda a trama se desenrola a partir de uma única perspectiva, com a câmera fixamente instalada em um único ponto, sem qualquer tipo de movimento, somos levados a explorar as vivências de todos que já passaram por aquele cômodo de uma residência. Tive a impressão de estar assistindo a uma peça teatral. Por um lado, não posso deixar de reconhecer que é encantador observar a atenção cuidadosa a cada pequeno detalhe, desde as roupas dos personagens até o ambiente, que naturalmente se transforma ao longo do tempo. Contudo, por outro lado, a escolha de contar a história dessa forma me pareceu muito cansativa, pois a ausência de um ritmo verdadeiramente envolvente torna-se bastante evidente.
Antes de mergulharmos nas principais figuras interpretadas por Tom Hanks e Robin Wright, somos levados a conhecer uma cronologia minuciosa da casa que serve de cenário para o roteiro. Esse conto abrange desde a era dos dinossauros que povoavam o local até os dias atuais, marcados pela pandemia de Covid-19. Mesmo que a concepção do filme seja boa, a falta de organização nas tantas linhas do tempo torna a experiência entediante. Isso ocorre porque não conseguimos perceber uma narrativa coesa que de fato nos prenda e faça sentido. A cada momento, somos impulsionados por eventos aleatórios de períodos distintos, mas sem o espaço válido para assimilá-los e estabelecer uma ligação significativa com a história.
Com a câmera fixada em um único ângulo e os inquilinos muitas vezes distantes, tornou-se difícil captar as suas emoções, já que suas expressões faciais quase não eram visíveis. O elenco, sem dúvida, é de altíssima qualidade, mas formar um vínculo com eles se mostrou desafiador. Mesmo com os protagonistas, essa conexão não foi possível. Como mencionei anteriormente, a estética de "Here" é um de seus maiores atrativos. A maneira como diferentes épocas são apresentadas é muito bem executada e realmente se destaca, mas isso é comprometido por uma trama excessivamente artificial e desnecessariamente prolongada, ultrapassando 100 minutos. Com o tempo se estendendo no roteiro, os astros Hanks e Wright tiveram que ser rejuvenescidos por meio de tecnologia de IA. Embora isso fosse necessário para a narrativa, não acredito que tenha agregado valor à produção; ao contrário, apenas intensificou a sensação de artificialidade que percebi.
Apesar de serem claros os pontos negativos, a adaptação para o cinema da HQ de Richard McGuire indiscutivelmente nos leva a ponderar sobre a surrealidade da realidade em que vivemos. A noção de quantas gerações já caminharam pelo mesmo solo que nós é, sem dúvida, cativante.

Pedro Barbosa
Sinopse: A história de diferentes famílias através de suas gerações, conectadas por um único espaço que chamam de lar.
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