Crítica | Divertida Mente 2
- Cinema ao Máximo
- 23 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de abr.
Sequência do incrível filme de animação da Pixar de 2015 leva as emoções de Riley a novas alturas com maestria, mas acaba tropeçando ao tentar encaixar tantas ideias brilhantes em apenas 1 hora e meia

Desde 1995, a Pixar, que revolucionou o universo dos desenhos animados com sua tecnologia de ponta e histórias cativantes, continua preparada para nos surpreender ao explorar temas importantes. Em "Soul", fomos presenteados com reflexões valiosas sobre o significado da vida, enquanto "Red: Crescer é uma Fera" tratou dos desafios da passagem para a puberdade.
Em 2015, o belíssimo "Divertida Mente" fez um enorme sucesso e, até hoje, consegue despertar em nós um carinho único, ao ilustrar de maneira incrivelmente madura a complexidade da mente humana por meio de 5 personagens potentes: Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho. A narrativa ocorre no interior do pensamento de Riley Andersen, acompanhando as 5 emoções em seus esforços para ajudar a menina em sua jornada pela nova vida, após a mudança com os pais para uma cidade diferente.
Após uma longa espera, "Divertida Mente 2" finalmente estreou nas telonas do Brasil com a tarefa de nos mostrar como a cabeça de Riley está passando por uma transformação intensa. Agora, enfrentando os tumultuados primeiros anos da adolescência, sua mente sentiu a necessidade de se reinventar, levando-a a experimentar 4 novas emoções desafiadoras: Ansiedade, Inveja, Tédio e Vergonha.
Acredito que não existiria momento mais adequado do que o atual para explorar essas emoções que estão se tornando cada vez mais claras e debatidas por uma grande quantidade de pessoas, seja em conversas pessoais ou no mundo online. É praticamente impossível não se reconhecer nos obstáculos emocionais vivenciados pela protagonista, especialmente quando a tão temida Ansiedade decide assumir o pleno controle da vida de Riley.
Prestes a ingressar no ensino médio e aspirando a fazer parte da equipe esportiva, Riley se vê envolvida por um turbilhão de sentimentos que ameaçam atrapalhar sua concentração. Assim, uma mistura de apreensão, angústia e desconforto a domina diante do desconhecido, do estranho e de possíveis ameaças. Esse fenômeno espelha de forma precisa a experiência diária do ser humano, que constantemente antecipa situações adversas que, muito provavelmente, nunca se materializarão, mas que persistem em nossa mente, nos confundindo.
O filme merece destaque pelo jeito como mostra as inseguranças de Riley. Os conflitos entre ela, suas amigas Grace e Bree, e sua ídola Val Ortiz, assim como com os adolescentes mais velhos, mostram de modo realista o desafio de equilibrar diferentes amizades. Contudo, ao focar nas aventuras das 9 emoções na consciência de Riley, a obra acaba sendo invadida por uma avalanche de ideias. Certas piadas funcionam bem, enquanto outras nem tanto, talvez devido à constante inclusão de gírias e referências da internet nos diálogos. A impressão geral é de que o longa buscou ser extremamente moderno e descolado, mas acabou soando forçado em várias ocasiões.
A produção traz diversos conceitos fascinantes, como os impressionantes cenários que habilmente refletem o sarcasmo, os pensamentos reprimidos e as crenças, além das criaturas animadas em 2D que ajudam as 5 emoções a voltarem para a sala de controle na mente de Riley. No entanto, algumas dessas ideias não recebem total desenvolvimento por conta da limitação de tempo, resultando em uma sobrecarga de informações superficialmente exploradas, sem a mesma profundidade do título de 2015. É digno de nota, porém, a maneira excepcional com que a película trata a Ansiedade. "Inside Out 2" lida com esse sentimento crucial com notável sofisticação, apresentando cenas memoráveis e um desfecho emocionalmente envolvente. A simbologia na sequência final é verdadeiramente comovente.

Pedro Barbosa
Sinopse: Com um salto temporal, Riley se encontra mais velha, passando pela tão temida adolescência. Junto com o amadurecimento, a sala de controle também está passando por uma adaptação para dar lugar a algo totalmente inesperado: novas emoções.
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