Crítica | Softie

Longa francês de Samuel Theis vai te conquistar com um personagem complexo e uma carga dramática profunda

Prestes a ser lançado nos cinemas do Brasil pela Pandora Filmes, o filme francês "Softie" apresenta habilmente o amadurecimento precoce de Johnny Jung, um rapazinho de apenas 10 anos, que precisa encarar uma série de obstáculos em decorrência de sua família desestruturada, sendo a falta de afeto um dos aspectos mais evidentes.

Aliocha Reinert, o brilhante ator que interpreta o protagonista, nos presenteia com uma performance fenomenal, retratando com autenticidade a evolução pessoal desse jovem sobrecarregado pelas responsabilidades de cuidar da irmã mais nova, lidar com o temperamento da mãe recém-separada e, simultaneamente, enfrentar certas questões sobre sua própria sexualidade e identidade de gênero, que emergem com maior intensidade à medida que ele fantasia uma amizade especial com seu professor, interpretado com maestria por Antoine Reinartz.

Devido ao uso predominante de tons gelados em sua fotografia, o longa-metragem consegue ampliar ainda mais a atmosfera dramática que permeia toda a projeção. Além disso, é fundamental destacar a competência do restante do elenco em cena, bem como a envolvente trilha sonora de Ulysse Klotz, que favorecem os momentos de maior dramaticidade da obra.

Se você está procurando por uma produção com um personagem bem desenvolvido e cheio de ideais, certamente esse título do diretor Samuel Theis o tocará profundamente, levando-o a refletir sobre os inúmeros desejos que a maioria de nós tem quando crianças. Infelizmente, nem sempre esses sonhos se realizam, mas essa jornada pode nos tornar mais fortes.

Pedro Barbosa

Sinopse: Johnny tem dez anos e só se interessa por histórias adultas. Numa habitação social em Lorraine, ele observa com curiosidade a vida sentimental agitada de sua jovem mãe. No colégio, frequenta a turma do Sr. Adamski, um professor novato que acredita em seu potencial e com quem descobrirá um novo mundo.